sábado, 18 de outubro de 2014

liberte-se dessa mentira, abra seu coração e deixe o sangue escorrer. era o que estava talhado na porta de madeira da sala da minha nova professora de piano. dei duas batidas, ela girou a maçaneta e me convidou pra entrar. um apartamento pequeno, na sala tinha um belíssimo piano marrom, nada de tv. era a primeira vez, em 7 anos de aulas, que eu ia na casa de um professor. ela me pediu pra sentar no sofá e disse que logo voltaria, e voltou com um caderno de partituras, abriu em um prelúdio do bach e me perguntou se eu conhecia. eu disse que não, ela disse: ótimo, leitura à primeira vista. fomos para o piano, nos sentamos, ela pôs um óculos que estava em cima de uma mesa de canto, do lado do piano, e foi aí que comecei percebê-la. ela ficou linda de óculos, de um jeito estranho. comecei a olhá-la com novos olhos, não aparentava ser muito mais velha que eu, no máximo uns 10 anos. ela me pediu, e comecei a tocar, iniciei bem mas depois fui tropeçando, me desculpei dizendo que a minha cabeça pensa mais rápido do que meus dedos conseguem dançar, por isso tudo fica uma bagunça. ela sorriu e falou que estava bom pra nossa primeira aula.
naquele mesmo dia saí  com dois amigos, fomos a um bar, e minha professora estava lá, com uma amiga, esperei a amiga ir no banheiro e fui na professora, disse oi. ela retribuiu o oi, eu a chamei pra ir dar uma volta, fomos pra casa dela. e depois dormimos. quando acordei ela estava olhando pra mim.
eu perguntei: pra quem você toca piano? ela me disse: pra mim.

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