quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

a palavra é

stop the cremation, stop the cremation
option1: i'm sorry, here is your dad, man
option2: i'm sorry, here is your dead man

domingo, 30 de novembro de 2014

Quoi plus?

a dor é mais inspirativa. a arte dói. não existe parto sem dor. josé encostou o dedo nas costas dela e disse: preferiria conversar sobre livros, sobre irenes, sobre calma, mas você quer conversar sobre coisas agitadas. irene só foi embora. aquela morena não tinha dono nem laço. 


le douleur est plus inspirant. l'art fait mal. il n'y a pas parturition sans douleur. j'aurai préféré parler des livres, des irenes (sirènes), de calme. 


olhei nos olhos dela e disse: que merda, a verdade é que nem existe verdade, você não deveria se cobrar um perdão. ela olhou pra mim, ficou uns dois minutos olhando e disse que eu estava atrasado, pra pegar o avião, nossa amizade só funciona à distância. 


 j'étais en retard. 


ele olhou pra mim e me disse alguma coisa que já nem lembro mais, eu só pensava no tempo, no que ele estava gastando ali comigo, ele tinha que ir embora de uma vez, não que eu quisesse que ele fosse, mas estava na hora. mandei ele ir embora de uma vez. ele estava atrasado. 


dormi pra longe.

sábado, 18 de outubro de 2014

liberte-se dessa mentira, abra seu coração e deixe o sangue escorrer. era o que estava talhado na porta de madeira da sala da minha nova professora de piano. dei duas batidas, ela girou a maçaneta e me convidou pra entrar. um apartamento pequeno, na sala tinha um belíssimo piano marrom, nada de tv. era a primeira vez, em 7 anos de aulas, que eu ia na casa de um professor. ela me pediu pra sentar no sofá e disse que logo voltaria, e voltou com um caderno de partituras, abriu em um prelúdio do bach e me perguntou se eu conhecia. eu disse que não, ela disse: ótimo, leitura à primeira vista. fomos para o piano, nos sentamos, ela pôs um óculos que estava em cima de uma mesa de canto, do lado do piano, e foi aí que comecei percebê-la. ela ficou linda de óculos, de um jeito estranho. comecei a olhá-la com novos olhos, não aparentava ser muito mais velha que eu, no máximo uns 10 anos. ela me pediu, e comecei a tocar, iniciei bem mas depois fui tropeçando, me desculpei dizendo que a minha cabeça pensa mais rápido do que meus dedos conseguem dançar, por isso tudo fica uma bagunça. ela sorriu e falou que estava bom pra nossa primeira aula.
naquele mesmo dia saí  com dois amigos, fomos a um bar, e minha professora estava lá, com uma amiga, esperei a amiga ir no banheiro e fui na professora, disse oi. ela retribuiu o oi, eu a chamei pra ir dar uma volta, fomos pra casa dela. e depois dormimos. quando acordei ela estava olhando pra mim.
eu perguntei: pra quem você toca piano? ela me disse: pra mim.

domingo, 14 de setembro de 2014

le temps retrouvé

acordei onze horas, uma dor de cabeça meio estranha, sabia que deveria levantar, eu tinha um teste na faculdade 13:30. olhei no frigô, não tinha nem suco nem agua, abri a janela, fiquei olhando pra seda que estava no parapeito, ela era toda desenhada, fiz um aviãozinho que voou. ascendi um. passei uns 40 minutos ali, observando o tempo, o gramado, o prédio, as árvores. coloquei uma calça e a camiseta, bebi água da pia, joguei um pouco no rosto, desci os três andares, peguei a bike e fui. fui pela ciclovia às margens dos rios, é tão estranho, dois rios serem divididos por uma estradinha, parece não natural, mas é incrível, me lembra uma ponte que corta o oceano, me faz pensar que meu destino é ir até o final, pedalar até encontrar a paz.
precisava comer e precisava chegar naquela sala, fiz um desvio, entrei num kebab, tava cheio, peguei uma coca e voltei pro caminho. era uma prova de inglês. o céu não estava nada cinza cinza.

sábado, 16 de agosto de 2014

a grandiosidade do mundo

não te quero ao meu redor, não te quero hoje. nem te quero nunca.
eu não te quero, não te quero. não te quero porque não te acho legal, porque não gosto do seu sorriso, porque não gosto do fato de você ligar pra mim de manhã. não goto das suas pernas, e do lindo jeito que nos conhecemos. não te quero porque tenho medo do seu pai, tenho medo de perder meus direitos e meu dinheiro, nem é tanto medo assim, na verdade não tenho medo. não me importo com essas baratas que assombram seu intelecto, não te acho inteligente. não quero que você ache nada de mim. quero esquecer seus parentes me incomodando, essas conversas de uma palavra por dia não me atraem, muito menos me satisfazem, realmente não gosto dessas frações, use coisas inteiras, ou só não use nada. não te quero por perto. devo pedir demissão só pra nunca mais te ver?
você não me afeta, você não me molda, nem me conduz. essa estrada molhada pela chuva de lágrimas é muito escorregadia pra dois, essa gangorra está falida, já nem sei mais quem está em baixo. se for eu, você tem minha palavra que não te colocarei de castigo, só não quero estar no meio, não quero ficar com o pé no chão, nem quero estar contigo. eu sei com quem quero estar, mas dela sim tenho receio, de tocar seus lábios de surpresa, de fazer ela se apaixonar por mim, aquele jeito encantador me domina, aquela voz baixinha e aquelas manias, aquele vamos viver, e aquelas cores se fundiram dentro da minha mente. não estou extasiado, isso é concreto. 
nem tudo é uma pena, muitas coisas somente são coisas, nem boas nem ruins. são só coisas. se você me mostrasse um pouco mais de você, talvez eu ficaria melhor, pensaria diferente.