segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Bluebird

há um pássaro azul em meu coração que 
deseja sair 
mas sou muito durão para ele, 
eu digo, fique aí, não vou 
deixar ninguém te 
ver. 

 há um pássaro azul em meu coração que 
deseja sair 
mas eu derramo whiskey nele e inalo 
fumaça de cigarro 
e as prostitutas, os bartenders 
e os balconistas de mercado 
nunca sabem que 
ele está 
lá dentro. 

Há um pássaro azul em meu coração 
que deseja sair mas sou muito durão para ele,
eu digo, 
fique escondido, você quer me 
atrapalhar? 
quer estragar os 
trabalhos? 
quer arruinar minhas vendas de livros na 
Europa?

há um pássaro azul em meu coração que 
deseja sair 
mas eu sou muito esperto, só o deixo sair 
algumas vezes à noite 
quando todos estão adormecidos. 
eu digo, eu sei que você está aí, 
então não fique 
triste. 

 então o coloco de volta, 
mas ele está cantando um pouco
lá dentro, eu ainda não o deixei 
morrer 
e nós dormimos juntos desse 
jeito 
com nosso
pacto secreto 
e é belo o bastante para
fazer um homem 
chorar, mas eu não 
choro, e 
você? 


 Charles Bukowski

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Pleure moi une rivière

Perdi mais uma chance de ver o cometa passar,
de ver a estrela.
Que bom que essa ideia não me atormenta,
daqui a 741 anos vou poder encontrá-la.

who will love you? who will fight? who will fall far behind?


domingo, 3 de novembro de 2013

Sois sage, cela va de soi.

Je suis arrivé plus tôt pour trouver le dire,
c'était seulement pour te faire plaisir, mais c'est trop cher pour moi.
À mon avis la vie arrivé par le train de onze heures,
alors il m'est venu une idée
peut-être je ne vois pas ce que tu veux dire, n'avoir rien à voir avec moi.
Ne t'inquietes pas.

sábado, 2 de novembro de 2013

A Menina Complexa Pura

Só queria dar umas risadas, começou assim.
Não foi confuso, nada confuso.
Sua presença me acalmou,
suas palavras, que pra você eram infinitas, me tranquilizaram.
E eu sou queria te ouvir mais, ouvir mais, mais e mais.
Olívia era linda,
por que você me disse quem era, Olívia? Por que fez isso comigo?

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Continuo sem respostas

Só agora me permiti ver, ler o que tinha de novo, atualizar.
Isso é uma surpresa.
Continuo com respostas.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A Menina Inteira

Foi que nem ganhar na loteria, só que ao contrário.
Era sempre a mesma pessoa. Sempre esteva lá, viva e respirando. Qual o problema de estar do outro lado do espelho? de ser o oposto do esperado. Ela é o início e o meio, termina no te.
Conheci Clarisse em uma noite qualquer, estava de férias e resolvi sair com dois amigos. Era uma festa legal, ao ar livre.
Por que levou tanto tempo pra perceberem a sua existência?
Quando percebi já era hora de dormir, mas ela não me deixou ir, me aprisionou na sua fala encantadora nas, suas histórias, na sua voz. Seu olhos me aprisionaram, seu corpo me iludia, não me deixava piscar. Sua mente me instigava.
Meus amigos nunca a viram.


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Não se pode fechar os olhos

Corri pro esconderijo
Olhei pela janela
O sol é um só
Mas quem sabe são duas manhãs

Felicidade interna
tudo vem, tudo vai
O mudo devolve o que se planta.
Não dá mais pra deixar o sol trancado no quarto
Exploda e ilumine o mundo.
Veja a beleza, veja as flores.


nothing you can say is gonna change the way i fell

domingo, 15 de setembro de 2013

A metamorfose reversível

Não tem como não ficar doente,
nem mudar pra sempre.
Não tem como morar em outra galáxia sem pegar um avião.

sábado, 3 de agosto de 2013

Olhos abertos

Parece que minha memória voltou, bem do ponto onde ela tinha deixado de existir. Lembrei de tudo que vivi anos atrás, entendi que não consigo aceitar desafios em que a resposta seja só verdadeiro ou falso. Quero alternativas, preciso delas pra acertar!

domingo, 28 de julho de 2013

A Menina Natural [continuação]

Vi que o livro era o memórias de minhas putas tristes, do Gabo. Disse como o livro era bom, da minha admiração pelo autor. Ela examinou a capa e esboçou um leve sorriso. Pagou e disse adeus.
No dia seguinte Ana não quebrou sua rotina, foi ao café, fez o pedido e se sentou. Tirou o livro da bolsa, abriu em uma das últimas páginas e leu. Ficou lá por uns dez minutos. Eu analisava suas expressões a medida que ela ia percorrendo as páginas, por um instante riu quase que descontroladamente. Tentei lembrar de que momento da história se tratava. Não consegui. Inevitavelmente me peguei relendo o livro, cada trecho nada poético, mas denso, o livro parecia pesar cem quilos em cerca de apenas cem páginas. Todos esses cens me deram uma vontade imensa de ler cem anos de solidão. No final daquele mês já havia lido 7 livros do autor, e assim foi. Mais alguns meses e completei todos os livros publicados dele. Continuei observando Ana, ela parou de ir ao café, mas sempre era um personagem da minha leitura.


terça-feira, 16 de julho de 2013

A Menina Natural

A simplicidade da Ana era incrível, seu olhar calmo e seu sorriso delicado, mas sem medo. Ela nunca tinha medo de sorrir. Se preciso for dava até gargalhadas. Menina meiga, que ia de ônibus para a faculdade, aproveitava o tempo para ler. Impossível ter raiva do transito assim, dizia ela, até gosto quando tem um engarrafamentinho, dá tempo de ler muito mais.
Era linda, tinha a pele morena, mas bem clarinha, cor de café com leite. Usava vestidos sempre, não nego que era viciado sem suas pernas, aliás, era viciado nela toda. Sempre a observava da minha pequena banca de jornais/livros que ficava em frente ao café onde ela fazia o desjejum, adorava tentar adivinhar o que ela ia pedir. De longe, a observava tomando seu café matinal, às vezes estava acompanhada, às vezes não. Percebi que sempre que era segunda feira pedia croissant, mais tarde fui descobrir que era o recheado com geleia de pera, meu favorito.
Certo dia Ana decidiu entrar na minha banca, não disse nem oi, foi direto para a sessão de livros. Ficavam todos empilhados quase que do chão até o teto. A banca não é grande, esse era o melhor jeito. Decidi não ir ajudar a escolher, queria ver o que ela iria decidir levar. Depois de uns trinta minutos finalmente pegou um livro branco, era edição de bolso. Olá , eu disse, conseguiu escolher bem? Aqui fica tudo meio bagunçado ... Ela olhou para o livro, esboçou um leve sorriso e me disse Acho que sim, na verdade esse aqui vou levar por obrigação. 


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Dívidas

A obsessão de anotar todos os recados
João e Orlando são irmãos. Viviam numa cidade pequena, quieta e fria, no sul do mundo. Tiveram a oportunidade de viver os prazeres da infância, jogaram futebol com os amigos, correram, nadaram nos rios próximos, subiram em árvores e riram bastante de piadas idiotas.
João nutria um desejo imenso de conhecer o mundo, explorar o universo, conhecer pessoas e suas histórias, sabia que a vida não se resumia apenas ao seu [pé].
João cresceu, foi pre faculdade em uma cidade enorme, se formou, virou homem, começou a trabalhar. Voltou pra faculdade, decidiu fazer um curso novo. Certa noite estava no corredor da faculdade de artes, viu uma menina passando, estava um pouco bêbada e usava uma camisa  com uma frase enorme escrita, demorou um pouco até que ele pudesse ler por completo: "A felicidade não é felicidade sem ter um bode tocando violino".
Ela seguia do fundo do corredor em direção a ele, o olhava com um olhar tão fixo quanto se pode ter após algumas taças de blue lagoon.
Finalmente ela o alcançou e com tristeza no olhar, deu-lhe um beijo.
A menina desconhecida prosseguiu, continuou a andar pelo corredor infinito, agora, olhando suas costas João, ligeiramente atordoado e sem fala, percebeu a pintura de Marc Chagall - La Mariée na parte de trás de sua camisa.
Enquanto isso Orlando continuava feliz na pequena cidade.


domingo, 7 de abril de 2013

Nem sei porque isso chegou na minha mente hoje antes de dormir, mas é bom falar, já que vou ter esquecido do seu nome ao acordar

Agora que não te vivo mais, você virou só uma memória, que inevitavelmente vai se apagar, talvez até já tenha ido embora, saiu tudo pelo meu nariz, pelo meu ouvido, por minha boca. Desceu pelo ralo.
A tão sombria/sonhada liberdade chegou pra você, espero que essa busca vá além de uma ilusão em que você se encontra no meio do labirinto.
Quando perceber que o minotauro está chegando, use o fio de Ariadne, a solução pode ser essa.

http://goo.gl/ME3g4

terça-feira, 12 de março de 2013

Across the Universe 2

Não sei como dizer o que existe, o que existe parece ser fraco, e o que não existe parece ser profundo.
Percebendo o tamanho da felicidade, aprendendo a traduzi-la.
Fraco e profundo, isso é mesmo possível?
Nem sempre a realidade.
Nesses dias que tenho procurado a não inconstância, tenho achado uma vida ideal, um mar de possibilidades que até mês passado eram impossíveis.
Estou feliz, e realmente quero me manter assim. Vamos ver até quando vou conseguir. uma aposta cairia bem agora, mas hoje meus pertences mais valiosos são sentimentos, e não tenho coragem de apostá-los. Não posso me imaginar no frio infinito novamente. 

Como as letras são redondas?

A resposta é mais que óbvia e todos já sabem:
41.
digo, 43.
gigo 42.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Architect of Destruction

Eu não quero apagar minha dor, por mais que doa, ela faz de mim quem eu sou.

Já não sabia onde era iníco ou fim,
Não aguento mais ouvir as mesmas coisas, mesma pronuncia.

Finja ser francesa hoje,  meu amor
e não invente mais desculpas.

Quando foi que eu comecei a não me reconhecer mais? Quem afinal sou eu e o que eu quero fazer? Só não quero ser mais um a existir, quero sentir, preciso sentir.


sábado, 9 de fevereiro de 2013

E se a chuva alagar aqui?

Já estou farto dessa ladainha, do papo furado sem fim, dos ciclos intermináveis. Dos/Dois corações batendo, tudo fica indicado naquela telinha de hospital, ao lado da maca, no meio da UTI. Tantos altos e baixos, queria um pouco de estabilidade, um pouco de paz. Mas não quero morrer. Será que isso é possível? Não posso simplesmente desligar o monitor?




quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Título

Frederico sabia o esforço sobre-humano que ele fazia para manter uma máscara de indiferença.
Não que ele se importasse na verdade, mas era difícil exprimir o que ele realmente sentia. Sabia que quanto mais ia melhorando no inglês, mais sua vida ia apodrecendo. Quanto mais ele conhecia o mundo, mais ele piorava.
Seus castelos são feitos de algo mais frágil do que areia. Algo bem mais fácil de se destruir. Vigas e pilares que vão se dissolvendo com o tempo, levadas pra as dunas, depositadas no fundo do mar ou só sobem no infinito do céu.
As vezes aparece uma alegria, que brota do nada e consome todo seu corpo pequeno, como um duende doente, que continua a trabalhar na mina de diamantes..
Não pode-se mais fazer nada, só dançar.
Frederico colocou a mão na cabeça e percebeu o sangramento, era a quarta vez nessa semana, os pontos da lobotomia recém acabada iam se soltando antes do tempo, e deixando sua carne exposta, mas o que doía mesmo estava dentro do seu peito.


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A menina dos fósforos

Estava tanto frio! A neve não parava de cair e a noite aproximava-se. Aquela era a última noite de Dezembro, véspera do dia de Ano Novo. Perdida no meio do frio intenso e da escuridão, uma pobre rapariguinha seguia pela rua fora, com a cabeça descoberta e os pés descalços. É certo que ao sair de casa trazia um par de chinelos, mas não duraram muito tempo, porque eram uns chinelos que já tinham pertencido à mãe, e ficavam-lhe tão grandes, que a menina os perdeu quando teve de atravessar a rua a correr para fugir de um trem. Um dos chinelos desapareceu no meio da neve, e o outro foi apanhado por um garoto que o levou, pensando fazer dele um berço para a irmã mais nova brincar. 
 Por isso, a rapariguinha seguia com os pés descalços e já roxos de frio; levava no avental uma quantidade de fósforos, e estendia um maço deles a toda a gente que passava, apregoando: — Quem compra fósforos bons e baratos? — Mas o dia tinha-lhe corrido mal. Ninguém comprara os fósforos, e, portanto, ela ainda não conseguira ganhar um tostão. Sentia fome e frio, e estava com a cara pálida e as faces encovadas. Pobre rapariguinha! Os flocos de neve caíam-lhe sobre os cabelos compridos e loiros, que se encaracolavam graciosamente em volta do pescoço magrinho; mas ela nem pensava nos seus cabelos encaracolados. Através das janelas, as luzes vivas e o cheiro da carne assada chegavam à rua, porque era véspera de Ano Novo. Nisso, sim, é que ela pensava. 
Sentou-se no chão e encolheu-se no canto de um portal. Sentia cada vez mais frio, mas não tinha coragem de voltar para casa, porque não vendera um único maço de fósforos, e não podia apresentar nem uma moeda, e o pai era capaz de lhe bater. E afinal, em casa também não havia calor. A família morava numa água-furtada, e o vento metia-se pelos buracos das telhas, apesar de terem tapado com farrapos e palha as fendas maiores. Tinha as mãos quase paralisadas com o frio. Ah, como o calorzinho de um fósforo aceso lhe faria bem! Se ela tirasse um, um só, do maço, e o acendesse na parede para aquecer os dedos! Pegou num fósforo e: Fcht!, a chama espirrou e o fósforo começou a arder! Parecia a chama quente e viva de uma candeia, quando a menina a tapou com a mão. Mas, que luz era aquela? A menina julgou que estava sentada em frente de um fogão de sala cheio de ferros rendilhados, com um guarda-fogo de cobre reluzente. O lume ardia com uma chama tão intensa, e dava um calor tão bom! Mas, o que se passava? A menina estendia já os pés para se aquecer, quando a chama se apagou e o fogão desapareceu. E viu que estava sentada sobre a neve, com a ponta do fósforo queimado na mão. 
 Riscou outro fósforo, que se acendeu e brilhou, e o lugar em que a luz batia na parede tornou-se transparente como tule. E a rapariguinha viu o interior de uma sala de jantar onde a mesa estava coberta por uma toalha branca, resplandecente de loiças finas, e mesmo no meio da mesa havia um ganso assado, com recheio de ameixas e puré de batata, que fumegava, espalhando um cheiro apetitoso. Mas, que surpresa e que alegria! De repente, o ganso saltou da travessa e rolou para o chão, com o garfo e a faca espetados nas costas, até junto da rapariguinha. O fósforo apagou-se, e a pobre menina só viu na sua frente a parede negra e fria. 
 E acendeu um terceiro fósforo. Imediatamente se encontrou ajoelhada debaixo de uma enorme árvore de Natal. Era ainda maior e mais rica do que outra que tinha visto no último Natal, através da porta envidraçada, em casa de um rico comerciante. Milhares de velinhas ardiam nos ramos verdes, e figuras de todas as cores, como as que enfeitam as montras das lojas, pareciam sorrir para ela. A menina levantou ambas as mãos para a árvore, mas o fósforo apagou-se, e todas as velas de Natal começaram a subir, a subir, e ela percebeu então que eram apenas as estrelas a brilhar no céu. Uma estrela maior do que as outras desceu em direcção à terra, deixando atrás de si um comprido rasto de luz. 
 «Foi alguém que morreu», pensou para consigo a menina; porque a avó, a única pessoa que tinha sido boa para ela, mas que já não era viva, dizia-lhe muita vez: «Quando vires uma estrela cadente, é uma alma que vai a caminho do céu.» 
 Esfregou ainda mais outro fósforo na parede: fez-se uma grande luz, e no meio apareceu a avó, de pé, com uma expressão muito suave, cheia de felicidade!
 — Avó! — gritou a menina — leva-me contigo! Quando este fósforo se apagar, eu sei que já não estarás aqui. Vais desaparecer como o fogão de sala, como o ganso assado, e como a árvore de Natal, tão linda. 
 Riscou imediatamente o punhado de fósforos que restava daquele maço, porque queria que a avó continuasse junto dela, e os fósforos espalharam em redor uma luz tão brilhante como se fosse dia. Nunca a avó lhe parecera tão alta nem tão bonita. Tomou a neta nos braços e, soltando os pés da terra, no meio daquele resplendor, voaram ambas tão alto, tão alto, que já não podiam sentir frio, nem fome, nem desgostos, porque tinham chegado ao reino de Deus. 
 Mas ali, naquele canto, junto do portal, quando rompeu a manhã gelada, estava caída uma rapariguinha, com as faces roxas, um sorriso nos lábios… mor ta de frio, na última noite do ano. O dia de Ano Novo nasceu, indiferente ao pequenino cadáver, que ainda tinha no regaço um punhado de fósforos. — Coitadinha, parece que tentou aquecer-se! — exclamou alguém. Mas nunca ninguém soube quantas coisas lindas a menina viu à luz dos fósforos, nem o brilho com que entrou, na companhia da avó, no Ano Novo. 

 Hans Christian Andersen 
Os melhores contos de Andersen 
Editora Verbo, s/d

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

o coração acelerado

Traga de volta meu coração acelerado.
Clichê, clichê, clichê, 20 vezes.
Eu sou um ser atemporal, perdido no espaço.
Tu és tu.
Ele/ela não sabia.
Quem é que me entendia com seus conselhos inócuos e sua vida sem sentido?
Eu ainda sinto sua ausência, e a agonia de ficar sempre assim, me leva pra qualquer lugar.