terça-feira, 16 de julho de 2013

A Menina Natural

A simplicidade da Ana era incrível, seu olhar calmo e seu sorriso delicado, mas sem medo. Ela nunca tinha medo de sorrir. Se preciso for dava até gargalhadas. Menina meiga, que ia de ônibus para a faculdade, aproveitava o tempo para ler. Impossível ter raiva do transito assim, dizia ela, até gosto quando tem um engarrafamentinho, dá tempo de ler muito mais.
Era linda, tinha a pele morena, mas bem clarinha, cor de café com leite. Usava vestidos sempre, não nego que era viciado sem suas pernas, aliás, era viciado nela toda. Sempre a observava da minha pequena banca de jornais/livros que ficava em frente ao café onde ela fazia o desjejum, adorava tentar adivinhar o que ela ia pedir. De longe, a observava tomando seu café matinal, às vezes estava acompanhada, às vezes não. Percebi que sempre que era segunda feira pedia croissant, mais tarde fui descobrir que era o recheado com geleia de pera, meu favorito.
Certo dia Ana decidiu entrar na minha banca, não disse nem oi, foi direto para a sessão de livros. Ficavam todos empilhados quase que do chão até o teto. A banca não é grande, esse era o melhor jeito. Decidi não ir ajudar a escolher, queria ver o que ela iria decidir levar. Depois de uns trinta minutos finalmente pegou um livro branco, era edição de bolso. Olá , eu disse, conseguiu escolher bem? Aqui fica tudo meio bagunçado ... Ela olhou para o livro, esboçou um leve sorriso e me disse Acho que sim, na verdade esse aqui vou levar por obrigação. 


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