quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Sobre o ódio em geral

Eu odeio a intenet, odeio dinheiro, odeio o sistema, odeio o google, odeio a falta de tempo, odeio fastfoods, odeio a correção automática, odeio a cultura. Odeio novidades, odeio eu não odiar status, odeio gastar meu tempo.
Feche os olhos quando eu for mostrar o meu mundo pra você, que está sempre aqui em tudo que existe ao meu redor.
Pode me encontrar antes de meia noite nos meus sonhos? Por favor, chegue 23:59, porque depois de 00:00 a porta não abre mais, o professor morre, a rio flui, o dia acaba. 
Eu tenho que dar um tiro, como uma bala de prata, direto no meu coração pra poder existir, pra poder abrir e fechar a boca.
Odeio minhas palavras.

Só me deixe quando o lado bom for menor que o ruim.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Let it be

Realidade virtual, ter certeza do que não é real?
É impossível não aceitar desafios, não se arriscar, não pular. Subir mil metros e não conseguir se lançar no toboágua. Pode ir dois juntos, pode me acompanhar, pode escrever rápido, pode dormir rápido, pode esquecer da página seguinte, pode acabar o amor, pode nascer o amor.
O que nutre uma árvore é a água da chuva, os sais minerais da terra, o sol. Não adianta abraça-la, que ela não vai te abraçar de volta.
Ter vida, não ter ar, realidade não concreta, vida pós moderna, não ter vida. Não comer, engordar até estourar, estornar, devolver um coração, roubar três  pulmões. Ouvir músicas durante os sonhos, acabar a bateria da sua alma, não ter alma, não ter tempo. Ler. Ler o inconsciente, o transcendente, ser. Ser o que deveria ser, viver como se tem que viver, olhar e fazer.
Verbos, agir, não dormir, estudar pra que?
Morrer, essa é a única realidade.


sábado, 8 de setembro de 2012

Temos nosso próprio tempo

Quando é a hora certa de dormir e deixar tudo pra depois? De perceber que o seus planos não deram certo hoje e tentar relaxar e esquecer o futuro por dois segundo até pegar no sono?
Era dia, algum feriado, provavelmente 7 de setembro. Cícero não tinha certeza do número do dia, muito menos do ano, só sabia que era uma sexta feira. Era o pior dia da semana, os abrigos públicos estavam sempre cheios as sextas. O jovem senhor, de apenas 34 anos, teve que parar sua tradicional coleta de alimentos desperdiçados e materiais recicláveis pelas lixeiras da cidade mais cedo que o comum, 2 horas da tarde foi seu limite, conseguiu 7 folhas de papelão, algumas latinhas amaçadas e duas salsichas podres. Mesmo estando em plena meia idade, não tinha mais a mesma disposição de antes, não aguentava passar um dia todo a procura do que comer, o sol já ofuscava suas vistas, maltratadas por alguma doença adquirida lentamente, provavelmente catarata, mas Cícero não fazia ideia do que esse nome significava.
O dia de trabalho lhe rendeu 2 reais e 42 centavos, que foram devidamente arredondados pra baixo. Cícero reclamou, o atendente da cooperativa de reciclagem o ignorou. Bom, com o dinheiro de hoje ele comprou um biscoito de um real, sobrou 1 e 40. Foi andando em direção lado norte da cidade, e pensando, ontem lhe sobraram 2 reais e 15 centavos, então daria 3 e 55, e era tudo que tinha pra viver mais um final de semana. A cooperativa não abre nos finais de semana e ele não tem onde guardar o papelão acumulado no sábado e domingo, até já tinha tentado esconder certas vezes, mas sempre foi roubado por outros catadores durante o sono. Ele sabia que nessa guerra chamada vida estava só.
Finalmente Cícero chegou ao abrigo, já eram por volta das 4 horas da tarde, a fila estava longa e ele sentiu um pouco de medo, não poderia perder a vaga, precisava passar a noite lá. Não havia outra alternativa. Esperou silencioso na fila, com as mãos no bolso, apalpando o que de mais tinha de precioso naquele momento, seus 3 e 55, era uma nota de 2 e o restante moedas que variavam entre 5 e 50 centavos. Seu passatempo foi tentar descobrir os valores das moedas apenas pelo tato. Funcionou bem, pois parecia que havia passado apenas 15 minutos e o agente já estava a abrir a porta do abrigo, ou seja, já eram 6 horas da tarde.
O agente gritou para ordenarem a fila de acordo com a chegada, e que pra hoje haveriam apenas 27 camas disponíveis. Todos do meio da fila em diante ficaram apreensivos, normalmente eram 31 leitos. Ninguém queria passar a noite sem um teto. É ótimo dormir à luz das estrelas por um dia, quando se tem um teto e uma cama quente nos outros, Cícero sabia como era péssimo não ter onde dormir, escolher uma calçada e sentir aquele frio intenso e congelante sobre seus dedos que não o deixava descansar. A fila começou a andar, e o agente a gritar: um, dois, três, ..., quinze, dezesseis, .. vinte e sete. Cícero seria o vinte e nove, mas hoje não, mentalmente amaldiçoou o mundo e se virou. Foi embora, sabia que não adiantava reclamar, tudo que conseguia imaginar era que se não gastasse seu  tempo reclamando sobre a falta dos dois centavos na conta de hoje provavelmente dormiria sobre um colchão essa noite.
Sem rumo o homem começou a andar, andou por horas. Se deparou com um bar, estava cheio, contrastando o resto da rua deserta. Viu um grupo de rapazes e decidiu arriscar, pediu uma ajuda, uma esmola. Os rapazes o ignoraram e continuaram a beber. Cícero continuou a andar pela rua do bar, achou uma parada de ônibus, estava escura, ótima pra dormir. Usou o jornal velho que tinha achado, estava um pouco molhado, mas já já secaria, pensou ele. Tentou ser otimista. Tentou lembrar de bons dias. Não conseguiu.
Cícero fechou os olhos e dormiu.
Acordou sentindo algo estranho, alguém jogava alguma coisa nele, algo gelado. Era aquele mesmo grupo de jovens do bar que rejeitaram dar alguma esmola pra ele, que sequer ouviram o que ele tinha a pedir. Derramaram uma garrafa de vodca nele, ela estava gelada, muito gelada. Cícero despertou com um susto e logo que abriu a boca pra protestar levou um soco no queixo. O jovem que o abateu disse: toma otário. Enquanto outro gritou: Drogado do caralho. outro filmava tudo. Enquanto o último apenas via tudo isso. Eles esperaram o catador recuperar os sentidos e começaram a chutá-lo por todo o corpo,mas não no rosto, não queriam ele inconsciente ainda. Cícero urrava de dor, e os jovens continuavam a bater, e chutar. Passado dois minutos de pancadas o jovem que permanecia calado gritou: parem!
Ele foi ao encontro do senhor, que agora estava repleto de hematomas e sangue pelo corpo, colocou a mão em seu bolso e tirou seus 3 e 55. Pegou a nota de 2 e jogou as moedas num boeiro na rua. Cícero chorou. A sessão de pancadaria continuou por mais alguns minutos. O Jovem que filmava não conseguia se conter entre risos e brados sobre morte aos drogados. O catador estava imóvel, não conseguia mais mexer nenhuma parte do corpo, embora tivesse plena consciência do que estava acontecendo. O jovem calado, continuava de boca fechada e olhava o senhor nos olhos enquanto apanhava. O que estava filmando se assustou, achou que seus amigos tinham matado o senhor. No desespero puxou do bolso um esqueiro e ateou fogo no catador. Cícero pode sentir o fogo o consumir, a sua respiração ficava cada vez mais difícil,o ambiente cada vez mais quente. Ele morreu naquela noite, mas sua alma certamente viverá para sempre. Os jovens tiveram mais muitos anos de vida, mas seus espíritos abandonaram seus corpos naquele momento. 

Armas químicas e poemas

Pessoa #1
Era uma vez Laísa, era uma garota de bons modos, boa família, morava longe da média ponderada da realidade. Mas não era soberba nem presunçosa. Tinha um metro e oitenta e um, se vestia bem, pele branca, estupidamente branca, pele neve. Olhos escuros e profundos, seu olhar era congelante e cheio de vida morta, cheio de platonismo, cheio de idealizações semi-frustadas. Sua playlist tinha rock progressivo, bossa nova e todos os anos 80. Ela tocava violino, falava francês e um pouco de finlandês, mas seu forte sempre foi sua língua mãe, ela sempre valorizava o português brasileiro, que costumava chamar de luso-tupiniquim. Não se dava ao prazer de ter sonhos, só alguns objetivos de vida que gostava que escrever no seu molesquini, objetivos tão simples que se tornavam complexos.
Tinha uma rotina programada rigidamente. segunda feira é dia de sorvete, terça feira dia de observar os pássaros, quarta feira filmes baixados por aí, quinta feira observava os cavalos no hipódromo, sexta feira teatro, sábado visitava seus pais no hospital, domingo é dia de dormir até tarde e experimentar receitas novas na cozinha.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Acabou o seu tempo, acabou o seu mar, acabou o seu dia.

Extravagâncias, amantes, dívidas,
separações, alegações de incesto,
morte por febre,
se você quer ser um guitarrista do Iron Maiden
tem que carregar consigo um Lord Byron.
Tem que ser antigo como são antigas a bactéria,
a chaga de Cristo
e tudo o mais que a medicina não deu cabo.
De teu motor valvulado, corrosivo e perecível
você tem que extirpar cadeados de lamentos,
cruz e sacrifícios.
Você tem que ser teu próprio pronto socorro,
da selvageria que é a vida,
do osso quando arrebentam
pancadarias na arquibancada,
uma taça feita de crânio, as perfurações,
as úlceras, as lesões, as ofensas,
as injurias, os agravos.
Você tem que saber que não é invulnerável,
que vão te fazer a corte e os cortes,
nunca as suturas.
Você é antigo na dor,
faz de sangrias coaguladas o teu pranto.
Você colocou a mão esquerda na labareda,
deu-a de bandeja à palmatória.
Com a outra você cometeu haraquiri.
E o show ainda nem chegou na metade.
Luís Felipe Leprevost

Oxigênio

Hoje não estou nem aí pra Marte, pra Júpiter, muito menos pra Terra. Foda-se a Lua, só preciso xingar alguém e ouvir teatro dos vampiros em paz. Maldita dor de cabeça que não se vai, tédio estúpido que não quer me abandonar. Não vou olhar no relógio de novo e descobrir que na última hora só se passaram 3 minutos, quero só ficar bem, amanhã tudo vai mudar, amanhã ela tornará a ser incrível. Eu só preciso dormir pro mundo voltar a ser limpo, organizado e habitável, mas é que meu sono não vem antes das 3. É, todos vão ter que esperar.

sábado, 1 de setembro de 2012

Lia começa com L

O céu está cheio de estrelas que não podemos ver.
O meu mundo está girando.
Vem cuidar de mim.
Vem que preciso de você hoje,
meu coração não aguenta a distancia de mais de 2,32 cm de você
vem Lia, vem ser minha Lua.
Vem tirar esse meio assim de mim.
Com um balão só, já dá pra voar.
Diz a lenda que trocou suas certezas, por alguns sonhos mágicos.
Não se esqueça por enquanto de esquecer alguma coisa pela casa e vir buscar do nada.
Açúcar ou adoçante?
Nem precisava perguntar.