quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Título

Frederico sabia o esforço sobre-humano que ele fazia para manter uma máscara de indiferença.
Não que ele se importasse na verdade, mas era difícil exprimir o que ele realmente sentia. Sabia que quanto mais ia melhorando no inglês, mais sua vida ia apodrecendo. Quanto mais ele conhecia o mundo, mais ele piorava.
Seus castelos são feitos de algo mais frágil do que areia. Algo bem mais fácil de se destruir. Vigas e pilares que vão se dissolvendo com o tempo, levadas pra as dunas, depositadas no fundo do mar ou só sobem no infinito do céu.
As vezes aparece uma alegria, que brota do nada e consome todo seu corpo pequeno, como um duende doente, que continua a trabalhar na mina de diamantes..
Não pode-se mais fazer nada, só dançar.
Frederico colocou a mão na cabeça e percebeu o sangramento, era a quarta vez nessa semana, os pontos da lobotomia recém acabada iam se soltando antes do tempo, e deixando sua carne exposta, mas o que doía mesmo estava dentro do seu peito.


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