sábado, 20 de outubro de 2012

Ele disse que não queria perder uma vida

Era  uma vez João. O que diziam era: menino experto, inteligente, com certeza será alguém de posses, filho do Ricardo, filho da Maria, bom menino, estudioso, estuda até demais, pele clara, olhos negros, altura mediana, sempre de óculos de sol. João tinha outros conceitos sobre si mesmo: se achava imbecil e hipócrita, não gostava de como levava a sua vida, com falsidades e dualidades. Era incapaz de matar  um homem velho, à beira da morte. Mas desejava ver uma guerra de perto, quem sabe lutar, quem sabe atirar, quem sabe matar?
João tem agora 17 anos, se descobriu gay há um tempo atrás, de acordo com ele ontem. Se descobriu hétero aos 7. Mas isso tudo não é importante pra nada.
João tem uma namorada, Manuela, ele não sabe se gosta dela, não sabe sobre amor, só sabe que é excitante beijá-la, tocá-la, ...
João pensa sempre na morte dos seus pais, João é um canalha.
João é um estelionatário, ele tem 27 anos, já roubou desde crianças até velhinhos indefesos. Esse é seu trabalho.
João morreu as 39. Parada cardíaca, fruto de uma overdose causada por excesso de cocaína.
A morte foi ao seu encontro, e junto seguiram.


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